A seringa enema. Espólio Museológico ESEP

A seringa enema, utilizada a partir do século XVII na administração de substâncias por via retal, tinha por função a limpeza do intestino, a purga e a administração de medicação.
Seringa Enema museu esep

Embora a sua origem seja desconhecida, o uso de clisteres tornou-se generalizado no século XVII, sendo esta a “era do enema”, pois muitas mulheres chegavam a administrar mais de um clister por dia.

Este instrumento era utilizado na administração de substâncias por via retal, tendo como função a limpeza do intestino, ou a purga, e a administração de medicamentos. Além dos enemas simples, surgiram também os enemas de café, de fumo de tabaco, de sabão e glicerina, hipertónicos e com peróxido de hidrogénio.

O enema de café surgiu durante a 1.ª Guerra Mundial como uma terapia curativa de desintoxicação do corpo, de forma a aumentar a eficácia e reduzir as dores aos soldados. Já o enema de fumo de tabaco era utilizado por médicos europeus para tratamento de dores de cabeça, hérnias, doenças respiratórias, cólicas abdominais e, até, cancro e cólera.

No final do século XVII e inícios do século XVIII, o enema por fumo de tabaco foi utilizado com a intenção de ressuscitar vítimas de afogamento, havendo registo de, em 1745, Richard Mead recomendar este tratamento para esse fim.

Outros tratamentos eram relativamente usuais, como o enema à base de sabão e glicerina, muito utilizado para resolver a obstipação, tendo como objetivo a estimulação da motricidade do cólon.

Contudo, nos finais do século XX, os clisteres perderam a sua relevância com o aparecimento de fármacos, nomeadamente laxantes, mais fáceis e cómodos de administrar. Atualmente, a seringa enema tem utilização algo residual na prestação de cuidados, tendo sido substituída por outros instrumentos mais práticos.

Caracterização da peça museológica

A seringa enema é composta por tubo metálico, embolo e ponta em madeira. Possui 7 centímetros de profundidade, 46 centímetros de comprimento e 6,8 centímetros de largura.

Bibliografia
  • Cristina, B; Ramos, C; Oliveira, C; Pimenta, M; Nobre, R; Sias, S & Ferreira, O (2018). Clysterium donare, postea seignare, ensuita purgare. In Ferreira, Ó. et al. (org.). Aprender História de Enfermagem: um processo de descoberta. (pp. 111-130). Lisboa: ESEL.
  • Maty, M. (1755). Authentic Memoirs of the Life of Richard Mead, M.D.. Londres: J.Whiston and B.White.
  • Price, JL (1962). The evolution of breathing machines. Medical History, 6(1): 67-72.