O escarificador cutâneo é um instrumento composto por várias lâminas cortantes (pequenas), para realizar escarificação, a qual consistia em praticar pequenas incisões cutâneas superficiais, que atingem a epiderme.
Hipócrates, há mais de 2000 anos, tinha a visão de que o corpo humano precisava de estar em equilíbrio, existindo 4 humores (sangue, fleuma, bile amarela e bile negra), que tinham de ser mantidos em equilíbrio para que o corpo se mantivesse saudável. As sangrias eram feitas para restabelecer este equilíbrio.
Terá sido uma prática médica comum desde antiguidade até meados do século XX. Na Europa, esta prática era muito comum no final do século XVIII e completamente abandonada pela medicina moderna. Os escarificadores foram muito utilizados entre 1850 e 1920, com o objetivo de realizar sangrias, para o tratamento de doenças pulmonares, lombalgias, drenagem de pústulas ou mesmo nas mordeduras de animais venenosos.
Descrição/funcionamento
É constituído por oito lâminas de aço, movidas por uma mola colocada no seu interior, regulada por pequena patilha exterior e “disparada” por botão que a comanda, que quando ativado leva à exteriorização das lâminas, simultaneamente, através das respetivas ranhuras. Quando colocado sobre a superfície cutânea o parafuso é apertado, acionando a mola e, consequentemente, a saída imediata das lâminas, produz um golpe instantâneo, sendo a dor insignificante.
Seguidamente, utiliza-se uma ventosa seca (copo de metal ou vidro aquecido) que é colocada sobre os cortes da pele escarificada para extrair o sangue por meio do vácuo.
As cicatrizes feitas pelo escarificador eram incisões mais ou menos longas que não excediam em profundidade a camada vascular da pele.
Referências
Anderson, J., Barnes, E., & Shackleton, E. (2012). The Art of Medicine: Over 2,000 Years of Images and Imagination. University of Chicago Press.