O Gabinete de História e Memórias, em colaboração com o Grupo de Ilustração em Saúde da Escola Superior de Enfermagem do Porto, conceberam uma exposição, que está patente no átrio do 2.º piso da ESEP-Sede, sobre a precursora da Enfermagem Moderna, Florence Nightingale.
Esta exposição apresenta momentos marcantes da vida da Dama da Lanterna, desde o seu primeiro emprego oficial como “Lady Superintendent” no Instituto para mulheres carentes doentes em Londres, passando pela sua enorme colaboração aquando da Guerra da Crimeia onde supervisionou a introdução de enfermeiros em contexto de guerra e onde, o seu trabalho de reestruturação na distribuição da água e sistema de drenagem, bem como o plano de melhoria do serviço de cozinha, alimentação e higiene permitiu a diminuição da taxa de mortalidade de 42,7% para 2,2%.
Nesta exibição é ainda possível encontrar informação sobre o papel que Nightingale teve na criação da primeira Escola Profissional de Enfermagem em todo o mundo, lançando as bases para o ensino laico da profissão.
A educação cristã, as leituras bíblicas com a mãe, assim como, as frequentes visitas aos carenciados que viviam em lugares pobres, contribuíram para que Florence tivesse uma compaixão pelos que sofriam.
Aos 17 anos teve uma premonição que considerou como um apelo para a sua vocação. Sentiu que a “voz” de Deus a chamava para ser enfermeira, um desígnio chocante na época e que deixou os pais perturbados.
Após regressar da guerra da Crimeia, Florence tornou-se uma figura com reconhecimento nacional devido ao impacto do trabalho de organização, eficácia e heroísmo.
Em 1859, conjuntamente com o “Nightingale Fund”, iniciou negociações para criar uma Escola de Enfermagem no St Thomas’ Hospital, em Londres.
Em 1860, as negociações culminaram na fundação da “Nithghtingale School for Nurses”, anexa ao St. Thomas’s Hospital, considerada a Primeira Escola Profissional de Enfermagem em todo o mundo.
Ao longo da sua vida, escreveu entre 15 a 20 mil cartas e cerca de 200 obras repartidas entre livros, relatórios e panfletos, nos quais estão bem patentes as suas crenças, observações e desejos de mudança nos cuidados de saúde.
Como reconhecimento do trabalho, obteve várias condecorações, entre as quais em 1883, recebeu da rainha Vitória a Cruz Vermelha Real e em 1901 foi a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito.
O seu nome parecia estar predestinado, pois Nightingale significa “rouxinol”…
Na década de 40, quando visitou a “Ordem das Diaconisas” (fundada para tratar dos doentes) na cidade de Kaiserswert, na Alemanha, ficou impressionada com a qualidade e prática responsável das religiosas.
Após superar a resistência da família, regressou a Kaiserswert em 1851 durante três meses para fazer formação. Contudo, não satisfeita decidiu completar estudos com as “Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo”, em Paris, onde visitou hospitais para observar a prática de enfermagem.
Em 1853, teve o primeiro emprego oficial como “Lady Superintendent”, no Instituto para mulheres carentes doentes em Londres. Pela primeira vez conseguiu realizar o trabalho para o qual se preparou e sempre desejou.
Organizou o hospital, preparou relatórios bem fundamentados sobre a necessidade de reformular a rede hospitalar inglesa, enfrentou muitas resistências, obstáculos e tomou medidas impopulares, … mas era muito feliz.
Florence com o seu grupo de enfermeiras (38) estabeleceu um forte espírito de liderança e lentamente foi conseguindo ser respeitada.
Nos seus cuidados noturnos e nas vigílias fazia-se acompanhar de uma lamparina. Daí a origem do titulo de “Dama da Lanterna”.
Num ambiente de dor e sofrimento a visão de Nightingale era uma espécie de alivio e de esperança para os soldados.
Nightingale com a sua equipa e com as medidas implementadas conseguiram diminuir a taxa de mortalidade de 42,7% (1854) para 2,2% (1855).
No final da sua vida, Nightingale viveu anos produtivos e felizes. Pessoas que privaram com ela neste período relataram um clima de paz e felicidade onde Florence irradiava alegria e serenidade.
Com o tempo a acuidade visual foi-se perdendo, pelo que não pôde manter a produtividade. No entanto ainda ouvia leituras feitas pelas pessoas próximas.
Aos poucos foi-se desligando da vida, falecendo a 13 de agosto de 1910. Morreu tranquilamente enquanto dormia.
Florence Nightingale nasceu em Florença, Itália, no dia 12 de maio de 1820. Cresceu no seio de uma família da alta sociedade.
O seu pai, como progressista que era relativamente à melhoria das condições sociais e educação das mulheres, proporcionou-lhe uma instrução que não era comum naquele tempo.
Mesmo vivendo numa família rica, Florence não queria seguir os padrões sociais da época para a alta sociedade, ficando patente a ambivalência entre esta perspetiva e o seu desejo de ser útil nas causas sociais.
O Governo de sua Majestade nomeou Florence como Superintendente das “Female Nursing Establishment of the English General Hospitals da Turquia”. Nighingale partiu para Scutari com 38 enfermeiras.
Quando chegaram ao Hospital de Scutari encontraram doentes maltratados, carência de recursos físicos, humanos e de remédios.
As três primeiras causas de morte eram as doenças infeciosas – tifo, cólera e disenteria. Os feridos de guerra ocupavam a sexta posição na taxa de mortalidade.
Deparou-se com reações negativas dos oficiais, dos médicos e até com a suspeita dos próprios doentes.
A sua chegada fez com que uma Comissão Sanitária investigasse as condições de salubridade (enfermarias praticamente sem ventilação e esgotos sem condições).
Desenhou um plano de melhoria do serviço de cozinha, alimentação, utensílios de higiene, propôs uma reestruturação na distribuição da água e sistema de drenagem.
Comprometeu-se a facultar ao hospital roupas para os feridos, utensílios de cozinha, comida, objetos de higiene, mesas de operações, camas cómodas, almofadas e reorganizou os espaços para receber mais soldados.
Neste livro, Florence procurou evidenciar “o que é e o que não é enfermagem”, evidenciando a importância e possibilidade de uma preparação formal e sistemática paira a aquisição de conhecimentos sobre a saúde, de natureza distinta dos médicos, que permitiriam manter o organismo em condições de não adoecer ou de recuperar de doenças.
Gabinete de História e Memórias – GHM
Ana Paula Cantante, Berta Salazar, Emilia Bulcão, Isabel Guimarães, Maria José Peixoto, Maria Lourdes Santos, Orisia Pereira
Grupo de Ilustração em Saúde – GIS
Infância – Filipa Freitas; Vida adulta – Ana Silva; Guerra 1 – Catarina Oliveira; Guerra 2 – Cátia Almeida; Fim de vida – Juliana Silva; Capa – Cláudia Mil-homens.